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A Memória Gustativa e Meus Delírios
                                                                                
Os meus amigos mais íntimos sabem que, pouco a pouco, estou virando vegetariana por causa dos problemas digestivos, e, também por respeito aos animais. Durante este processo de mudança fiz reflexões e notei que a carne nunca fez parte de momentos inesquecíveis da minha vida. Afinal, nunca fui fã de farras e muito menos de churrascos comemorativos.
Porém, ano passado, ao passar na Rua José Loureiro ,que é uma rua barulhenta do Centro da cidade de Curitiba, algo me chamou a atenção: uma placa onde estava escrito "mini-salgadinhos" e "mini-docinhos" no copo por R$ 1,99. Então pedi apenas bolinhas de queijo e pequenos  olhos-de-sogra. Assim fechei os olhos e fui colocando guloseima por guloseima na boca. Deste jeito, a imaginação foi até as minhas festas de aniversários infantis. Então, por segundos, as buzinas e barulhos do centro da cidade foram substituídos por canções de parabéns, bexigas sendo estouradas, músicas da Banda Balão Mágico e barulhos de pacotes de presentes sendo desembrulhados. Sinceramente, foi uma sensação fantástica. Deste jeito, notei que a minha memória gustativa fez uma travessura, dentro da minha mente, naquele momento.
Dias depois me consultei com uma terapeuta e os sofás, da sua sala, eram das cores marrom com laranja-coral. Isto fez lembrar-me dos deliciosos bolos de cenoura, com cobertura de chocolate, que eu ganhava da vizinha, pois eles tinham estas mesmas cores. Na primeira sessão, a psicóloga fez uma regressão comigo até a infância, provocando a recordação do bolo citado acima. Mas quando acordei, notei que estava mordendo o sofá de duas cores. Deste jeito, a terapeuta falou que esta atitude não foi culpa minha, e, sim da minha memória gustativa.
Luciana do Rocio Mallon                                                                
 
 
 

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